As desigualdades sociais necessitam ser contidas não apenas por empatia, e altruísmo, mais pelo exclusivo instinto de sobrevivência
A chegada do coronavírus ao Brasil, serviu para escancarar o que já estava presente em nossa sociedade há muito tempo, e que de tão generalizada, tornou-se uma situação comum no dia a dia de muitas pessoas: a desigualdade social. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil tem 23 milhões de pessoas vivendo em condições precárias. São residências lotadas, com cômodos únicos e com pouca ou nenhuma ventilação. Famílias sem acesso a água potável, ao banheiro e até o saneamento básico. Além das más condições de moradia, adiciona-se a falta de renda, que obriga a estas pessoas a saírem para as ruas, em busca de sobrevivência. Todos os problemas que foram “esquecidos” pelos governantes, nas últimas décadas ficaram mais evidentes agora.
As recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), e das autoridades sanitárias, são disponíveis para a maioria da população, e resumem-se em medidas de higienização, e isolamento. Com o intuito de evitar a aglomeração das pessoas, e a contaminação em massa, tendo em vista que o vírus tem alta capacidade de propagação. Para assim não sobrecarregar o SUS – Sistema Único de Saúde. Porém, essas recomendações, não são tão acessíveis no tocante as famílias que vivem em situação precária e em desigualdade social. Neste âmbito, a pandemia do Covid – 19 tornou-se uma ocasião para comprovar e trazer em evidência, que a desigualdade social traz péssimos reflexos para toda a sociedade, e não apenas para os que nela estão inseridos. As desigualdades sociais necessitam ser contidas não apenas por empatia, e altruísmo, mais pelo exclusivo instinto de sobrevivência. É extremante inadmissível, que seres humanos não possuam ao menos um local digno de moradia e convivência. Um local que tenha iluminação, saneamento básico, ventilação e água, que são condições básicas para se ter uma vida saudável. O momento que estamos vivendo, dever ser de cuidado, prevenção, mas também de muita reflexão pelos governantes e por nós, sobre a sociedade que queremos construir. Sem politicagem, e demagogia, mas agindo de forma coletiva, enfrentando os problemas de frente e combatendo sistematicamente á desigualdade social, estou certa que assim sairemos maiores desta quarentena.